Alunos da educação infantil em Magé só começaram o ano letivo na semana passada

Colégio Paulo Barenco Foto: Cléber Júnior

Marcos Nunes/ Jornal Extra

Faltam apenas alguns meses para o término do ano letivo, mas para 111 crianças da creche Paulo Barenco, em Mauá, Magé, na Baixada Fluminense, as aulas só começaram na quarta-feira passada. Matriculadas em seis turmas da educação infantil, meninos e meninas, entre 4 e 5 anos, não tiveram uma única aula desde o início do ano. A descoberta dos "sem-aulas" veio à tona em um levantamento feito pela Secretaria municipal de Educação, a pedido do prefeito Nestor Vidal, empossado no último dia 10.

Ainda não há uma explicação oficial para o esquecimento do início das aulas dos alunos. De acordo com a Secretaria, uma escola modelo do município funcionou até março, no prédio da Paulo Barenco. A unidade foi transferida, no mesmo mês, para outro local. Dezessete profissionais foram realocados para outras escolas.

— Soubemos pelo levantamento que as crianças estavam matriculadas desde março, esperando o início do ano letivo. Só ficaram lotados na Paulo Barenco a diretora Ana Cláudia da Silva Coelho e uma estimuladora. O restante dos funcionários foi transferido — revelou a atual secretária de Educação de Magé, Sandra Mara de Souza, que visitou a creche ontem.

A unidade, que permaneceu fechada desde o início do ano, conta com cozinha, refeitório e oito salas, uma delas reservada para o "soninho", onde as crianças podem descansar. Para não prejudicar ainda mais os alunos, a diretora Ana Cláudia, que desde quarta-feira conta com a volta dos antigos funcionários, vai improvisar uma espécie de reforço escolar. A intenção é ajudar os alunos a terem uma chance de conseguir alcançar, no ano que vem, o 1º ano de escolaridade.

— Estamos tentando fazer um paralelo, trabalhando simultaneamente com matérias do primeiro e segundo bimestre. Como são crianças da educação infantil, é possível que as que estão na faixa de 5 anos tenham chance de avançar para o 1º ano. Para isso, estamos tentando passar a base da pré-alfabetização — disse a diretora Ana Cláudia.

Problemas também no ensino fundamental

O ajudante Valdemir Fernandes, de 27 anos, recebeu com alívio a notícia de que sua filha, a menina Milary, de 4, poderia, enfim, voltar a estudar. Ontem, ele foi buscar a menina, na saída do colégio, por volta do meio-dia.

— Estava com medo de minha filha ficar atrasada na vida escolar. Ela vivia pedindo para ir à escola — disse o ajudante.

Nesta quinta-feira, o EXTRA falou com o ex-prefeito Rozan Gomes sobre a compra de livros para alunos do ensino fundamental. Como a prefeitura não pagou totalmente uma dívida de R$ 4 milhões a uma empresa do Paraná, os estudantes não vão receber os livros que seriam usados no quarto bimestre. Rozan alegou que a responsabilidade é de seu sucessor, o ex-prefeito Dinho Cozzolino.

— Houve uma licitação no fim de 2010. Quem deveria fazer o pagamento era meu sucessor — alegou.

Procurado pelo EXTRA, Dinho rebateu as críticas:

— Foi o próprio Rozan quem pagou uma parte. Não paguei o resto, porque não tinha necessidade de onerar o município, já que o Ministério da Educação havia enviado as cartilhas.